Como aumento na conta de luz vai impactar no preço dos alimentos: saiba o que vai subir
Nesta semana, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou uma alta de 52% na bandeira vermelha patamar 2, taxa extra que vem sendo paga pelos consumidores na tarifa de energia. Mas a tentativa do governo de subir a conta de luz para diminuir o consumo pode causar um novo aumento no preço dos alimentos.
Um dos motivos para subir o valor da bandeira vermelha 2 de R$ 6,24 por 100 kWh para R$ 9,24 é o risco de racionamento de energia. Entretanto, a medida pode gerar um custo ainda maior para o bolso dos brasileiros.
Para o professor de Economia do Ibmec-RJ, Tiago Sayão, os consumidores não terão descontos expressivos ao tentar economizar energia por conta do aumento na tarifa. Por outro lado, o preço dos alimentos deve ser afetado com a medida, e são justamente estes os produtos que mais consomem a renda dos mais pobres.
Por que os alimentos podem ficar mais caros com o aumento na conta de luz?
Em entrevista à Agência O Globo, Sayão citou como exemplo a produção de frangos, que consome muito energia, para explicar esta questão. Acontece que com o aumento na tarifa de energia, o custo de produção também deve subir, e isso deve ser repassado ao consumidor.
Sendo assim, o economista afirma que a carne branca ficará mais cara, o que para ele mostra como o consumidor está arcando com os custos para manter a integridade do sistema.
Além disso, o economista Matheus Jaconeli, da Nova Futura Investimentos, lista alguns produtos que ficarão mais caros por conta do aumento da energia. Entre eles estão:
- Bens industrializados – como a energia é um custo fixo para a indústria, isso é repassado ao consumidor final;
- Produtos Agrícolas – pois a energia é um fator fundamental para o processo de produção de leite, de derivados de proteína animal e outros produtos;
- Itens do varejo – aqueles que usam excessivamente iluminação, aquecimento e refrigeração.
Dessa forma, Jaconeli avalia que o aumento no valor da energia elétrica se pulveriza na economia, afetando não só o preço dos alimentos como também de outros itens básicos.
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Como a taxa extra 52% mais cara vai impactar na economia?
Economistas avaliam que além de subir o preço de itens da cesta básica, a alta na tarifa de energia para tentar diminuir o consumo também pode acelerar a inflação.
Conforme explicação de Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, as tarifas de energia elétrica pesam em 4,2% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Dessa forma, a tendência é que a inflação aumente ainda mais, o que pode frear a recuperação econômica do país.
Além disso, o economista Eduardo Amendola, professor da Estácio, aponta para a possibilidade de mantermos o ciclo de elevação da taxa Selic, que representa os juros básicos. Isso porque o Banco Central precisa manter a inflação no intervalo alvo, que atualmente está entre 2,25% e 5,25%, e a estimativa do mercado é que o IPCA fique em 6,7%.
Amendola classifica a possível pressão sobre os juros básicos como um “efeito perverso” do aumento na tarifa de energia. Segundo ele, se a escassez de energia não restringir o crescimento econômico do país, como aconteceu em 2001, os juros maiores causarão um golpe contra a recuperação econômica.
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Alimentos da cesta básica já subiram mais de 16% em algumas regiões
Antes mesmo do anúncio do aumento na conta de luz, estudos já indicavam aumentos significativos no preço dos alimentos. Segundo levantamento do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, a cesta básica chegou a subir 16,79% em alguns lugares do país.
O estudo apontou que entre janeiro e maio de 2021, cebola e alho ficaram entre os produtos com maior variação de preço. Neste período, a alta no quilo da cebola foi de 22,19%, enquanto o do alho subiu 14,85%.
Entre os produtos industrializados, a lata de 350g de extrato de tomate teve aumento de R$ 16,46% e o pacote de 5 kg de açúcar refinado subiu 14,74%.
Também foi registrada uma alta expressiva no quilo da carne de segunda sem osso (14,31%), e até mesmo a dúzia de ovos não ficou de fora da lista de alimentos mais caros (10,25%).
Fonte: Agência O Globo, via Extra.