Brasil corre risco de apagão mesmo após medidas do governo federal
Segundo especialistas, as medidas do governo para enfrentar que crise hídrica podem minimizar o problema, mas não afastam completamente o risco de apagão no Brasil.
O risco ainda é real porque o governo demorou para tomar providências e segue negando a gravidade da crise, evitando admitir a necessidade de racionamento conforme explicam os especialistas. Além disso, os programas criados pelo executivo estimulam, mas não obrigam os consumidores a economizar energia, o que pode ser insuficiente.
Diante desse cenário, a avaliação é de que não há como descartar o risco de faltar energia nos próximos meses. Nesse caso, o Brasil pode enfrentar cortes de luz, quando as distribuidoras precisam suspender o fornecimento em algumas áreas, e até mesmo apagão, quando a energia acaba de forma inesperada.
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Medidas do governo para conter a crise hídrica e o risco de apagão
Para aumentar a oferta de energia por conta do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, uma das primeiras medidas do governo, como de costume, foi acionar as usinas termelétricas. Vale lembrar que é este acionamento que faz a conta de luz ficar mais cara, pois ele leva à aplicação das bandeiras tarifárias.
Ainda no campo do aumento de oferta, o Brasil também está importando energia do Uruguai e da Argentina. Entretanto, conforme destaca o ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e consultor do Instituto Clima e Sociedade, Luiz Eduardo Barata, esta não é a única estratégia para momentos de escassez.
Toda a oferta extra de energia possível já foi buscada. Só vejo mesmo uma solução para contornar o problema se for pela redução do consumo”, explicou Barata em entrevista ao UOL.
Nesse sentido, o governo lançou um programa de racionamento de energia voluntário para empresas. A iniciativa é voltada a grandes consumidores de energia e propõe bonificar quem reduzir o uso de luz entre quatro e sete horas, mas deve ter pouca adesão, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No caso dos consumidores residenciais, o governo também criou uma medida que oferece descontos na conta de luz para quem economizar.
Além disso, o governo também subiu a tarifa para tentar reduzir o consumo. Para isso, foi criada a chamada “bandeira de escassez hídrica”, uma taxa adicional 58% maior do que a anterior, a vermelha patamar 2.
Com esta bandeira, o usuário paga R$ 14,20 para cada 100 kWh consumidos. Mas cabe destacar que os consumidores que têm direito à tarifa social são isentos desta taxa.
Segundo especialistas, a medida serve principalmente para remunerar as distribuidoras pelos custos mais altos, e pode ter pouco efeito na economia de energia.
Como economizar energia e ganhar desconto
Uma das principais medidas do governo para tentar reduzir o consumo e o risco de apagão é o bônus que será oferecido na conta de luz. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia, o objetivo do programa é reduzir 15% no consumo entre setembro e dezembro em residências, estabelecimentos rurais e pequenos comércios.
A iniciativa irá premiar os consumidores com R$ 50 para cada 100 kWh economizados. Mas para ter direito ao bônus a redução deve ser de no mínimo 10% da conta em comparação à média de consumo nos mesmos meses de 2020.
Além disso, o bônus fica limita a uma economia de 20% no consumo. De modo geral, o consumidor irá ganhar desconto de R$ 0,50 a cada kWh reduzido.
Para entender como funcionará o desconto, primeiramente será preciso comparar a média de consumo entre setembro e dezembro de 2021 com a do mesmo período do ano passado.
Como exemplo para demonstrar o cálculo, podemos imaginar uma família com as seguintes médias de consumo de energia por mês:
- Média de consumo de 130 kWh entre setembro e dezembro de 2020;
- Redução para uma média mensal de 110,5 kWh entre setembro e dezembro de 2021;
- Economia de 19,5 kWh por mês, ou seja, 15%;
- Bônus pela redução: R$ 9,75 por mês (19,5 vezes R$ 0,50) ou R$ 39 no período (R$ 9,75 vezes 4 meses).
Com essa medida, a expectativa do governo é reduzir o uso de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SNI) em 1,41%.
Fonte: UOL.