Novo aumento de até 20% na conta de luz está previsto para julho


Em resposta à pior crise hídrica dos últimos 91 anos na região das usinas hidrelétricas do país, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) irá promover um aumento nos valores das bandeiras tarifárias da conta de luz.

Devido ao alto índice de acionamento de usinas termelétricas, necessário para cobrir o problema das hidrelétricas, a Aneel subirá os valores destas sobretaxas para pagar pelos custos mais altos da geração de energia.

Atualmente, o brasileiro está pagando o patamar mais alto do sistema de bandeiras tarifárias, a bandeira vermelha 2. Nesta bandeira, o aumento deve passar de 20%, mas os valores ainda não foram definidos.

aumento conta de luz
Imagem: Divulgação/Copel

Segundo o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, a agência está definindo o valor que será estabelecido para cada patamar da bandeira. Com um rombo de R$ 1,5 bilhão na conta das bandeiras em 2021, o aumento na conta de luz é dado como certo.

Nós sabemos que vamos ter que usar bastante térmica e, com isso, vai encarecer a tarifa. Porque tem que se pagar essas térmicas. Certamente os novos valores dessas bandeiras vão ser maiores que os praticados hoje. Nós estamos aplicando o modelo para estabelecer esses valores”, explicou o diretor em entrevista ao Globo.

Atualmente, o valor da bandeira vermelha 2 está em R$ 6,24. De acordo com Pepitone, esse valor não é suficiente para cobrir o universo de térmicas que será acionado agora e funcionará até dezembro.

Como as bandeiras tarifárias não foram reajustadas no ano passado, esta será a primeira revisão nos valores desde 2019. Por outro lado, Pepitone negou a possibilidade criação de uma nova cor para as bandeiras, mais cara que a vermelha 2.

Em março, quando a crise hídrica ainda não estava clara, a Aneel já havia proposto novos valores para as bandeiras tarifárias. Mas o diretor-geral da agência afirma que dessa vez os valores serão maiores do que os sugeridos naquele momento.

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O que significa a bandeira vermelha 2?

Quando os reservatórios das usinar hidrelétricas estão com níveis muito baixos, o consumidor precisa pagar um valor adicional na conta de luz, uma sobretaxa. Este adicional é a chamada bandeira tarifária, que serve para cobrir o custo das termelétricas, que é mais alto.

O sistema é dividido em três cores, para que o consumidor tenha ciência do custo da geração de energia. As cores das bandeiras são verde, amarela e vermelha.

A bandeira vermelha indica os valores mais altos desta sobretaxa e é dividida em dois patamares. Sendo assim, a bandeira vermelha 2 significa que estamos pagando o valor mais alto da tarifa de energia, e que o acionamento das termelétricas está acima da média.

Quanto ao preço de cada bandeira, os valores atuais são os seguintes:

  • Bandeira Verde – não há cobrança extra na tarifa;
  • Bandeira Amarela – R$ 1,34 a cada 100 kWh (quilowatts-hora);
  • Bandeira Vermelha 1 – R$ 4,16 a cada 100 kWh;
  • Bandeira Vermelha 2 – R$ 6,24 a cada 100 kWh.

Quando a Aneel sugeriu novos valores para as bandeiras, a proposta era que a vermelha 2 subisse para R$ 7,57. Mas se o aumento deve ser ainda maior, a alta no valor da bandeira vermelha pode passar de 20%.

Segundo analistas, a expectativa é que a bandeira vermelha 2 siga até novembro, quando começa o período de chuvas. No ano passado, entre junho e novembro a bandeira presente nas contas de luz dos brasileiros era a verde.

Nesse momento de grave crise hídrica que o país enfrenta, Pepitone afirma que todo o parque térmico disponível será utilizado, e que a Aneel prepara uma campanha de uso racional de água e energia.

Além do aumento na conta de luz, há perigo de apagão?

O momento de grave crise hídrica que o país enfrenta traz outro medo para os brasileiros: o de um apagão. Para alguns especialistas, o risco é iminente.

Um dos especialistas em energia que afirma que esta é uma ameaça real é o engenheiro químico Adílson de Oliveira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo ele, o Brasil vive uma contagem regressiva para um apagão.

Oliveira afirma que o governo federal precisa tomar medidas drásticas e eficazes agora, senão a crise será inevitável em outubro ou novembro.

Daqui a cinco ou seis meses, não teremos capacidade para abastecer o mercado. Só não estamos em racionamento agora por causa da pandemia de coronavírus, que deu uma estagnada na economia”, afirmou em entrevista ao Extra.

Apesar do alerta de especialistas, o governo Bolsonaro nega a ameaça de um apagão, e recorre às usinas termelétricas, mais caras e mais poluentes, e tem intenção de importar mais energia do Uruguai e da Argentina. Mas Oliveira afirma que esta última solução não se sustentará a longo prazo.

Fontes: O Globo e Extra.

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.