2 milhões de pessoas entraram na extrema pobreza durante o governo Bolsonaro
Dados do Cadastro Único do governo federal (CadÚnico) revelam que ao menos 2 milhões de famílias brasileiras caíram para a extrema pobreza desde o início do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Em dezembro de 2018, no final do governo Michel Temer (MDB), o Brasil tinha 12,7 milhões de famílias na extrema pobreza, quando a renda mensal familiar é de até R$ 89 por pessoa. Após Bolsonaro ter assumido a Presidência, o número saltou para 14,7 milhões em dois anos e meio, segundo levantamento do UOL.
Além disso, o número de pessoas na miséria também vem aumentando mês a mês desde novembro do ano passado. Em junho, o índice chegou ao maior patamar desde agosto de 2012, quando iniciou a disponibilização dos registros do Ministério da Cidadania, indicando que 41,1 milhões de brasileiros vivem na miséria.
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Aumento da extrema pobreza durante o governo Bolsonaro
O índice de extrema pobreza no Brasil vem crescendo sucessivamente nos últimos anos, e atingiu o maior nível da série histórica no último mês de junho. Em janeiro deste ano, o número chegou a ter um leve recuo, mas voltou a subir nos meses seguintes.
Desde o início do governo Bolsonaro, o indicador de famílias em situação de pobreza extrema apresenta tendência de alta, mesmo antes da chegada da pandemia. Entre janeiro de 2019 e janeiro de 2020, por exemplo, o número passou de 12,9 milhões para 13,5 milhões.
No final do ano passado, o índice ultrapassou a marca dos 14 milhões pela primeira vez desde 2014. Naquela época, no entanto, o nível baixou consideravelmente nos meses seguintes, caindo para 12,1 milhões um ano e meio depois, em abril de 2016, ainda durante o governo Dilma Roussef (PT).
Enquanto isso, atualmente os dados indicam o contrário do cenário anterior, pois a curva “pós-14 milhões” está para cima, não para baixo, conforme vemos no gráfico abaixo.
Em regra, famílias em extrema pobreza vivem nas ruas ou em barracos e enfrentam constante situação de insegurança alimentar.
Ainda de acordo com os dados levantados pelo UOL, o Brasil tem 41,1 milhões de pessoas vivendo na miséria e outras 2,8 milhões na linha da pobreza, quando a renda familiar mensal é de R$ 90 a R$ 178 por pessoa.
Segundo um levantamento do economista Daniel Duque, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), a pobreza no Brasil disparou e bateu recorde no governo Bolsonaro. A pesquisa aponta que entre 2019 e 2021, os índices de pobreza aumentaram em 23 estados e no Distrito Federal, enquanto os outros três estados ficaram estáveis.
Inflação e desemprego estão entre os principais motivos para o aumento da pobreza
Conforme destaca Cícero Péricles de Carvalho, economista e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), há diferentes elementos para justificar o cenário. Entre os exemplos citados por Carvalho estão o desemprego, que atingiu um patamar recorde de 14,8 milhões de pessoas em 2021, e a inflação, principalmente de alimentos.
O Dieese [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos] calcula que, nos 12 últimos meses, a cesta básica teve uma variação média de 22% e que o valor do salário mínimo necessário seria de R$ 5.422, cinco vezes maior que o piso em vigor”, declarou o economista ao UOL.
Ainda de acordo com o pesquisador, as consequências da pandemia agravaram um quadro que já estava em deterioração. Para ele, o aumento de pessoas pobres e com fome “já era esperado”.
Entre 2017 e 2018, a Pesquisa de Orçamento Familiar, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já havia revelado uma alta de 33% na insegurança alimentar. Além disso, Carvalho lembra que em abril deste ano um levantamento confirmou que 19 milhões de brasileiros se encontravam em situação grave quanto ao acesso à alimentação.
De volta aos indicadores de pobreza levantados pelo pesquisador do FGV/Ibre, o Rio de Janeiro teve um das maiores altas entre os estados brasileiros. No Rio, a população pobre passou de 16,9% em 2019 para 23,8% em 2021. Ou seja, quase uma em cada quatro pessoas estão em situação de pobreza.
Mas o estado com maior concentração de população pobre é o Amapá, onde mais da metade das pessoas vivem nessa situação: 55,9%, 4,5% a mais do que a medição anterior.
A pesquisa de Duque combinou dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) do primeiro trimestre de 2019 com a Pnad-Covid, realizada pelo IBGE. O levantamento considera índices de pobreza do Banco Mundial, que define um limite de até R$ 400 ao mês por pessoa.
Fonte: UOL.