Horário de verão pode voltar após governo pedir novos estudos sobre o tema
O Ministério de Minas e Energia (MME) pediu novos estudos ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre os impactos do horário de verão no consumo de energia elétrica, para avaliar se o mecanismo pode ajudar no atual cenário de crise se o governo voltar a adotá-lo.
O pedido do ministério surge em meio a uma crescente pressão de empresários de diferentes setores pela volta do horário alternativo. Apesar disso, o governo segue afirmando que a medida geraria pouca economia e não ajudaria a enfrentar a crise energética.
O horário de verão foi extinto pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2019 por conta das mudanças no padrão de consumo da população, mas especialistas avaliam que voltar com o programa pode ser útil em um momento em que toda economia é bem vinda.
Em nota, o MME afirmou que nos últimos aos a população passou a consumir mais energia durante o período diurno, o que faz com que a contribuição do horário de verão seja limitada. Por conta disso, o ministério não vê benefícios no sistema, mas destaca que pediu ao ONS que “reexaminasse a questão.
O ONS disse que não comentaria o tema, mas o ex-diretor do operador, Luiz Eduardo Barata, ressaltou que mesmo que o ganho seja pequeno, é preciso “contar megawatt por megawatt” nesse momento de crise.
Além disso, representantes de setores como o de comércio, turismo e serviços estão pressionando o governo pela vota do horário de verão. Isso porque além de diminuir o consumo, o mecanismo também pode ajudar estabelecimentos com um aumento na circulação de pessoas no início da noite.
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Se horário de verão voltar, consumo de energia pode diminuir?
Na última segunda-feira (13/09), a pressão de empresários ganhou o apoio de entidades como o Instituto Clima e Sociedade (ICS), o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e a Iniciativa Energética Internacional (IEI).
Segundo um relatório chancelado por estas entidades, o horário de verão pode reduzir em até 5% o consumo de energia elétrica no início da noite. Apesar de não representar grande diferença, as entidades avaliam que o governo deve utilizar todas as medidas de economia possíveis.
Para elas, a medida reduziria o acionamento das usinas termelétricas, que são mais poluentes e mais caras, deixando a conta de luz mais cara por conta da adoção das bandeiras tarifárias.
Conforme destaca o diretor-presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, o país já está usando toda usando toda sua capacidade térmica. Além disso, a tendência é que a situação continue crítica em 2022, o que deve deixar a conta de luz 16,7% mais cara no próximo ano, segundo projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em relação ao horário de verão, Vivan acredita que o cenário atual é diferente do de 2019, quando o governo extinguiu o sistema.
Na época, o governo entendia que os baixos índices de economia proporcionados pelo sistema não justificava o transtorno para os trabalhadores que acordam cedo e tomariam o transporte público com o céu ainda escuro.
Mas o diretor-presidente da ABCE afirma que se a adoção do horário podia não fazer sentido em um momento tranquilo para o setor elétrico, na crise atual qualquer economia ajuda.
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Quais países usam o horário de verão?
O horário de verão é um mecanismo adotado em diversos cantos do mundo, tanto no hemisfério Sul quanto no hemisfério Norte.
Em países da Europa e da América do Norte, por exemplo, o horário de verão costuma ficar em vigor entre março e outubro ou novembro. Nas regiões do Canadá e dos Estados Unidos que adotam o sistema, por exemplo, ele segue até novembro, enquanto na Europa se encerra em outubro.
Enquanto isso, em países do hemisfério Sul ele costuma vigorar em períodos semelhantes ao que era adotado no Brasil.
Entre os países que ainda adotam o horário de verão em 2021, podemos destacar:
- Alemanha;
- Austrália (algumas regiões);
- Bélgica;
- Canadá (algumas regiões);
- Chile;
- Croácia;
- Cuba;
- Espanha (algumas regiões);
- Estados Unidos (alguns estados);
- França (maioria das regiões);
- Holanda;
- Irã;
- Itália;
- Líbano;
- Marrocos;
- México (algumas regiões);
- Nova Zelândia;
- Paraguai;
- Portugal (maioria das regiões);
- Reino Unido;
- Suécia;
- Suíça; entre outros.
Fontes: Folha de S. Paulo e Dayspedia.