Aumento do preço da gasolina e mercadorias impacta 63% dos MEIs

Felipe Matozo

28/09/2021

As sucessivas altas nos preços de insumos e combustíveis estão prejudicando não apenas os orçamentos domésticos, mas também de micro e pequenos negócios. Para a maioria dos microempreendedores brasileiros, os aumentos no preço da gasolina e de mercadorias são os fatores que mais afetam os custos.

É o que aponta uma pesquisa do Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). No levantamento, 63% dos (microempreendedores individuais) MEIs afirmaram que estas questões são as que mais impactam em seus negócios, enquanto entre as micro e pequenas empresas o índice chegou a 61%.

Outros itens essenciais que tiveram repetidos aumentos nos últimos meses e também pressionam os custos de pequenos negócios são gás e energia elétrica. Se somados aos preços dos insumos e do combustível, esse “pacote de aumentos” impacta três em cada quatro entrevistados (76% dos MEIs e 77% das micro e pequenas empresas.

preço da gasolina

Preço da gasolina dispara em 2021 e pressiona custos de pequenos negócios. Foto: Marcelo Brandt / G1

Mas ao separarmos os fatores “preço de mercadorias” e “preço dos combustíveis”, podemos observar que eles têm pesos diferentes conforme o porte da empresa.

Entre as micro e pequenas empresas, os gastos com insumos foram mais citados do que entre os MEIs (39% contra 35%). Enquanto isso, os MEIs destacaram mais o impacto do preço dos combustíveis nos custos do negócio do que os micro e pequenos empresários (28% contra 22%).

Além disso, os gastos com aluguel também apareceram entre os fatores mais citados no levantamento. Com a inflação do aluguel chegando a passar dos 30% no acumulado de 12 meses neste ano, 13% dos MEIs e 15% das micro e pequenas empresas apontam esse custo como o mais nocivo para os negócios.

Veja também: MEI que não regularizar dívida até 30 de setembro irá para Dívida Ativa

Aumento no preço da gasolina

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os combustíveis aparecem entre as primeiras colocações do “ranking da inflação”. No acumulado do ano até agosto, o aumento no preço da gasolina foi de 31,09%, enquanto o do diesel chegou a 28,02%.

Segundo um levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro da gasolina em algumas cidades chegou a bater R$6 em agosto. Em setembro, a entidade registrou um valor médio de R$6,68 por litro em Natal (RN), cidade com a gasolina mais cara do país, até então.

Segundo a pesquisa do Sebrae e da FGV, o preço do combustível pesa mais em empreendimentos dos setores de Construção Civil (41%), Agronegócio (34%) e Serviços (32%). Na sequência, os segmentos que mais destacaram este impacto são Comércio (18%) e Indústria (14%).

Enquanto isso, o custo das mercadorias pressiona mais os gastos da Indústria (62%), do Comércio (49%), da Agropecuária (47%), da Construção Civil (36%) e dos Serviços (25%), de acordo com o levantamento.

A pesquisa foi realizada entre agosto e setembro e contou com a participação de 6.104 respondentes dos 26 estados e do Distrito Federal.

Veja também: Mercado de trabalho ainda não se recuperou da crise econômica provocada pela pandemia

Impacto da inflação sobre micro e pequenos negócios

Se os pequenos negócios já se sentem pressionados com a alta destes custos, o Sebrae aponta que a situação pode ficar ainda pior. Conforme destaca Carlos Melles, presidente da entidade, se a inflação em torno de 8% esperada pelo mercado financeiro para este ano se confirmar, o estrago para estas empresas pode ser ainda maior.

Caso essa estimativa se confirme é possível que mais empreendedores sintam esse impacto, o que dificultará ainda mais o processo de retomada dos pequenos negócios, que estão começando a se recuperar dos danos causados pela pandemia”, declarou Melles.

Até agosto, quando o IPCA teve o maior aumento para o mês em 21 anos, a inflação já acumulava alta de 5,81% no ano. Por outro lado, o valor acumulado em 12 meses chegou muito perto dos dois dígitos, ficando em 9,30%.

Entre os principais responsáveis por pressionar esse valor estão o dólar, o preço dos combustíveis e a alta na tarifa de energia elétrica.

Os sucessivos aumentos nos índices de preços pressiona o custo dos micro e pequenos negócios e coloca a inflação acima da meta do Banco Central. Para este ano, o centro da meta é de 3,75%, o que significa que a inflação deve ficar entre 2,25% e 5,25% para a meta ser cumprida, valores bem abaixo do previsto pelo mercado financeiro.

Fonte: Fenacon.

Felipe Matozo
Escrito por

Felipe Matozo

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.

0

Aguarde, procurando sua resposta