Auxílio Emergencial de 2021 só paga 23% da cesta básica
A subida da inflação e os cortes nos valores do Auxílio Emergencial 2021 fizeram com que o benefício perdesse até 78,7% do poder de compra de uma cesta básica no estado de São Paulo.
Quem recebe R$ 150,00 de Auxílio Emergencial, por exemplo, consegue comprar somente 23% de uma cesta básica, que está no valor de R$ 650,50, de acordo com dados mais recentes do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Redução dos valores do Auxílio Emergencial 2021
No começo de 2021, o governo vinha adiando uma possível renovação do Auxílio Emergencial, com a justificativa de que não teria dinheiro para pagá-lo.
Após insistência da oposição e queda da popularidade do presidente, o governo federal resolveu renovar o benefício, mas com uma redução expressiva nos valores pagos mensalmente.
A partir de então, as famílias poderiam receber R$ 150,00; R$ 250,00 e R$ 375,00. Antes, os valores eram de R$ 600,00 e R$ 1.200,00, de acordo com o perfil da família.
Aumento na inflação e impacto na cesta básica
Enquanto o Auxílio Emergencial teve seu valor mensal reduzido, a cesta básica subiu 16,9% somente em 2021. O principal motivo dessa alta é o aumento da inflação, que vem subindo mensalmente desde o último trimestre de 2020.
De acordo com economistas, o aumento da inflação tem três principais motivos: a alta do dólar, o aumento dos custos de produção e o preço elevado da energia elétrica.
Há, ainda, outros fatores que influenciam diretamente na subida da inflação, com a preferência de produtores pela exportação de alimentos ao invés da venda para o mercado interno.
Curiosamente, a expectativa é que a inflação continue crescendo nos próximos meses, bem como a taxa Selic, que é a taxa básica de juros do país. Na prática, isso significa que serviços de crédito também estão mais caros, aumentando o risco de endividamento das famílias.
Recentemente, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, aumentou a taxa Selic de 5,25% ao ano para 6,25%, numa tentativa de conter a subida da inflação.
Diminuição do poder de compra
A alta da inflação provoca um resultado imediato: a diminuição do poder de compra da população. Isso afeta principalmente as famílias mais pobres e o Auxílio Emergencial era uma forma de amenizar a situação de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Para comparação, em 2020 o Auxílio Emergencial de R$ 600,00 possibilitava que a família comprasse uma cesta básica com itens essenciais para alimentação, que custava R$ 556,25.
Hoje, o Auxílio Emergencial de R$ 150,00 consegue comprar 23% da cesta básica. Se receber R$ 375,00 (o valor máximo), consegue comprar somente 58% da cesta básica.
Para manter o poder de compra das famílias, o Auxílio Emergencial deveria ser de, no mínimo, R$ 701,66. Se for uma mãe chefe de família, que sustenta a casa sozinha, o valor ideal deveria ser de R$ 1.403,33 e não os R$ 375,00 liberados pelo governo.
Vale lembrar que o poder de compra das famílias também caiu em relação a outros itens, como o botijão de gás, que subiu 33,8% somente no estado de São Paulo, chegando a R$ 92,26 em agosto de 2021. Logo, o Auxílio de R$ 150,00 paga somente um botijão de gás no estado, restando somente R$ 57,74.
Até quando o governo vai pagar o Auxílio Emergencial?
O governo pretende acabar com o Auxílio Emergencial em outubro, quando a sétima parcela da prorrogação do programa será paga.
A partir de então, o governo deve iniciar os pagamentos do Auxílio Brasil, que é o Bolsa Família repaginado. O presidente decidiu dar nova cara ao programa, afastando-o da imagem do PT (que lançou o Bolsa Família) para utilizá-lo como uma de suas principais bandeiras para uma possível reeleição em 2022.
Para isso, prometeu incluir mais pessoas no programa, inclusive parte das que ficarão sem o Auxílio, e disse que pagaria um valor maior do que o Bolsa Família. No entanto, o valor do benefício não passará de R$ 300,00 até 2022, indo na contramão do que foi prometido.
Para bancar o Auxílio Brasil, a equipe econômica do governo federal aumentou o IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras. Trata-se de uma taxa incidente em operações de crédito, como cheque especial, cartão de crédito, empréstimos, entre outras.
Fonte: UOL