Brasil ocupa o 2º lugar do ranking de mal-estar mundial
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) indica que o Brasil é o segundo pior país do índice de mal-estar, um ranking que conta com 38 nações. O desemprego recorde e a inflação alta são os principais responsáveis pelo mau desempenho brasileiro.
Segundo o levantamento realizado pelo pesquisador Daniel Duque, no primeiro trimestre deste ano a taxa de desconforto no país chegou a 19,83%. Com isso, a única nação pior que o Brasil no ranking é a Turquia, país que enfrenta crise econômica e política.
Conhecido em inglês como “misery index”, o índice de mal-estar inclui 37 países-membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o Brasil como convidado, e considera a situação do mercado de trabalho e o comportamento dos preços para definir o nível de taxa de desconforto de cada nação.
A atual percepção dos brasileiros com a situação econômica do país é a pior desde 2016, quando estávamos em recessão. No terceiro trimestre daquele ano, a taxa de desconforto no Brasil chegou a 20,60%.
Economistas utilizam o índice de mal-estar por dois motivos principais. Primeiro porque especialistas consideram que uma boa gestão macroeconômica deve ter a taxa de desemprego e a inflação sob controle. Já o segundo motivo é relacionado à população, que sente os efeitos de ambos os indicadores em seu dia a dia, o que faz com que o índice seja eficaz para medir a situação econômica do país.
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Índices que interferem no bem-estar dos brasileiros
O cálculo para se chegar ao índice de mal-estar é realizado a partir da soma da inflação em 12 meses à taxa de desemprego. No caso do levantamento da Ibre-FGV, o que se levou em consideração foi a média trimestral da inflação e do desemprego.
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no Brasil chegou a 14,49 em março. Já a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 6,10% em 12 meses.
De acordo com o pesquisador responsável pelo levantamento, ambos os indicadores pioraram durante a pandemia. Atualmente, o IBGE aponta que 29,7% da força de trabalho do Brasil está subutilizada, o que indica o número de pessoas sem emprego, desalentadas ou trabalhando menos do que gostaria.
Enquanto isso, a alta nos preços de itens básicos como alimentos, energia e combustíveis faz com que o custo de vida para os brasileiros seja maior, sendo que as famílias de baixa renda são as mais prejudicadas por este cenário.
Outro estudo recente que mostra como a população mais pobre sofre mais com os impactos da crise que o Brasil enfrenta foi a pesquisa Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia, realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social).
Segundo esta pesquisa, no ano passado o Brasil atingiu o pior nível de satisfação com a vida desde 2006 e o índice de desigualdade social bateu recorde em 2021. Além disso, o estudo ainda mostra que a renda média do brasileiro é menor do que R$ 1 mil pela primeira vez na série histórica.
Ainda de acordo com a pesquisa do FGV Social, o índice de bem-estar social também é o menor já registrado. A pontuação caiu 19,4% no intervalo de um ano, e atualmente em 6,1 em uma escala de 0 a 10.
Além disso, o índice de Gini, usado para medir a desigualdade social, subiu de 0,642 para 0,674 no último ano. Segundo especialistas, isso representa “um grande salto de desigualdade”.
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Piores países no “ranking de mal-estar” de 2021
Conforme mencionado anteriormente, apenas a Turquia tem uma taxa de desconforto mais alto que a do Brasil, atualmente. A última taxa registrada no país se refere ao quarto trimestre de 2020, quando o indicador chegou a 26,27%.
Depois do Brasil, os outros países que aparecem entre as piores posições no ranking do índice de mal-estar são:
- Espanha – 16,09%
- Colômbia – 15,63%
- Grécia – 14,08%
- Chile – 13,42%
No levantamento do Ibre-FGV, Duque reuniu dados do IBGE e da OCDE para apontar a taxa de desconforto de 19,83% no Brasil no trimestre encerrado em março.
Em relação ao índice de satisfação com a vida, que caiu 40% entre os mais pobres em 2020, o estudo da FGV Social comparou os resultados com os de outros países e constatou que a perda gerada para o Brasil foi maior do que para um conjunto de 40 nações analisadas.
Fonte: O Globo.