Salário mínimo: Valor ideal em abril subiu para R$ 5.330,69, conforme pesquisa da Dieese
Segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica referente ao mês de abril, divulgada na última semana pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor do salário mínimo ideal no Brasil subiu para R$ 5.330,39.
O Dieese realiza este levantamento todos os meses com base na cesta básica mais cara do país, que mais uma vez foi a de Florianópolis (R$ 634,53). O cálculo para chegar ao salário mínimo ideal considera o necessário para manter uma família composta por quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças.
O valor de abril é quase cinco vezes maior do que o salário mínimo nacional (4,85x), que neste ano é de R$ 1.100. Além disso, o salário ideal aumentou nesse último mês, pois em março o valor era de R$ 5.315,74.
Conforme revela o estudo do Dieese, em abril o trabalhador que recebe um salário mínimo por mês precisou comprometer, em média, 54,36% do valor com a compra de alimentos básicos. O percentual já leva em conta o desconto da Previdência Social (7.5%), e também aumentou em comparação com março, quando era de 53,71%.
Desde que o órgão começou a realizar a pesquisa, em 1994, a distância entre o salário mínimo nominal e o necessário nunca foi tão grande. A partir de 2019, o salário ideal sofreu um salto, enquanto o mínimo nacional parou de ter aumento real, ou seja, acima da inflação.
Veja também: Salário mínimo 2022 – Como o novo valor poderá impactar três benefícios do Governo Federal
Alta da cesta básica em abril impacta valor do salário mínimo ideal
O aumento no preço da cesta básica de alimentos na maior parte do país foi determinante para o valor do salário mínimo ideal crescer em abril. Das 17 capitais estudadas pelo Dieese, o preço do conjunto de alimentos básicos subiu em 15.
Entre um mês e outro, a cidades com maior alta no valor da cesta básica foi Campo Grande (MS), com 6,02%. As únicas capitais onde o preço médio baixou foram Belém (-1,92%) e Salvador (-0.81).
Enquanto isso, a comparação do custo médio do conjunto de alimentos básicos em 12 meses revela índices mais preocupantes. Entre abril de 2020 e abril de 2021, a cesta básica ficou mais cara em todas as capitais estudadas pelo Dieese.
Além disso, as taxas de aumento entre um ano e outro são consideráveis. Em Brasília, onde ocorreu a maior alta no período, o salto no valor da cesta básica de alimentos foi de 24,65%. Depois da capital federal, aparecem Florianópolis (21,14%), Porto Alegre (18,80%) e Campo Grande (18,27%).
Segundo o Dieese, o ranking de valores da cesta básica de alimentos nas 17 capitais do levantamento é o seguinte:
- Florianópolis (SC) – R$ 634,53, alta de 0,28% em relação a março;
- São Paulo (SP) – R$ 632,61, alta de 1,06%;
- Porto Alegre (RS) – R$ 626,11, alta de 0,44%;
- Rio de Janeiro (RJ) – R$ 622,04, alta de 1,55%;
- Vitória (ES) – R$ 610,98, alta de 2,36%;
- Brasília (DF) – R$ 587,33, alta de 1,13%;
- Belo Horizonte (MG) – R$ 565,78, alta de 1,82%;
- Curitiba (PR) – R$ 583,61, alta de 1,12%;
- Goiânia (GO) – R$ 556,27, alta de 0,76%;
- Campo Grande (MS) – R$ 586,26, alta de 6,02%;
- Fortaleza (CE) – R$ 525,26, alta de 1,59%;
- Belém (PA) – R$ 505,87, queda de 1,92%;
- João Pessoa (PB) – R$ 490,04, alta de 2,41%;
- Salvador (BA) – R$ 457,56, queda de 0,81%;
- Recife (PE) – R$ 471,52, alta de 2,21%;
- Natal (RN) – R$ 478,23, alta de 0,14%;
- Aracaju (SE) – R$ 469,66, alta de 0,19%.
Veja também: Governo retoma apenas uma das 3 linhas de crédito a pequenas empresas oferecidas em 2020
Apesar do custo de vida mais alto, salário mínimo não tem aumento real
Desde o início do governo Bolsonaro, a política de reajuste do salário mínimo é de seguir apenas a variação da inflação, o que não gera aumento real para o piso nacional. E com a proposta do governo federal em relação ao mínimo para 2022, a tendência é que isso se mantenha pelo terceiro ano seguido.
No projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) do próximo ano que enviou ao Congresso em abril, o governo definiu que o salário mínimo deverá ser reajustado para R$ 1.147 em janeiro. Com isso, o aumento é de apenas 4,27% em relação ao valor deste ano, variação semelhante à do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o que indica estagnação.
Até 2019, o governo federal reajustava o salário mínimo seguindo tanto o INPC quanto o PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos anteriores. A regra criada pelo governo Lula, que virou lei em 2012, durante o governo Dilma, permitia aumento real do salário mínimo.
Nesse período, os únicos anos em que o mínimo não teve aumento acima da inflação foram 2017 e 2018, pois nos dois anos anteriores (2015 e 2016) o país estava em recessão.
Fonte: CNN Brasil