Usinas de energia operam com menos de 10% da capacidade
Os efeitos da crise hídrica que o Brasil vem enfrentando nos últimos meses, a maior dos últimos 91 anos, continuam apresentando sinais preocupantes. Um dos efeitos mais evidentes da crise é o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, que em alguns casos já operam com menos de 10% da capacidade.
O caso que mais chama a atenção é o da usina de Ilha Solteira, que é a maior de São Paulo. Por conta da falta de chuva, a usina já está operando no volume morto, com seu reservatório registrando volume de -1,45% de água.
Ao menos por enquanto, o baixo nível de alguns reservatórios ainda não impacta na produção de energia, mas deixa clara a gravidade da crise hídrica no país, que deve continuar pressionando o setor em 2022.
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Usinas operando com reservatórios bem abaixo da capacidade
De acordo com informações de Lauro Jardim, colunista do Jornal O Globo, já chegou a cinco o número de usinas brasileiras que estão funcionando com menos de 10% da capacidade, índice apontado como o “mínimo ideal”.
Usina de Ilha Solteira
Atualmente, a usina hidrelétrica de Ilha Solteira é a única operando em volume morto (-1,45%), quando a água é captada em um local muito abaixo dos canos e a captação acontece por meio de um bombeamento especial.
Além de ser a maior de São Paulo, a usina faz parte do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável pela concentração da maior parte da geração de energia elétrica do Brasil. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível destes reservatórios estava em 18,38% até o última dia 14 de setembro.
Usina de Três Irmãos
Ainda no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, outra usina hidrelétrica com níveis preocupantes é a de Três Irmãos, localizada na bacia do Rio Tietê. Nesse caso, o nível do reservatório chegou a 1,98% da capacidade.
A usina de Três Irmãos faz parte do sistema Furnas, e conta com um canal artificial que interliga hidraulicamente o seu reservatório com o de Ilha Solteira, funcionando como uma espécie de vaso comunicante.
Usina de Itumbiara
O sistema Furnas ainda tem outras duas usinas na indigesta lista das que operam com níveis de reservatórios abaixo de 10%. Entre elas está a maior usina do sistema, a unidade de Itumbiara.
Com capacidade instalada de 2.802 MW, a usina de Itumbiara está funcionando com o nível do reservatório em apenas 9,68%. A unidade fica no rio Parnaíba, entre Goiás e Minas Gerais, e está em operação desde 1981.
Usina de Marimbondo
A última unidade do sistema Furnas com reservatório abaixo de 10% é a usina de Marimbondo, localizada no rio Grande, entre São Paulo e Minas Gerais. Dentre as usinas do complexo, ela tem a segunda maior potência instalada (1.440 MW), e opera atualmente com apenas 9,21% da sua capacidade.
Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto
Por fim, a única usina da lista que não faz parte do sistema Furnas é a Governador Bento Munhoz da Rocha Netto, localizada no rio Iguaçu, no município de Pinhão (PR).
Com 1.676 MW de potência, esta é a maior usina da Copel (Companhia Paranaense de Energia). Atualmente, o nível do reservatório da unidade está em 8,99%.
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Usinas operando com baixa capacidade representam risco de apagão no Brasil?
Diante do cenário de crise hídrica, especialistas se mantém alertas sobre os riscos para a produção de energia elétrica. Na última semana, uma apresentação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) durante reunião da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) manteve a projeção de poucas chuvas em níveis relevantes para os próximos meses.
Enquanto isso, entre as medidas que o governo vem adotando para enfrentar a crise estão o início antecipado da operação de uma usina a gás natural no Rio de Janeiro e a utilização das usinas termelétricas durante o período úmido, o que dá mais fôlego para que os reservatório das hidrelétricas se recuperem.
Além disso, ações como a inauguração de novas linhas de transmissão e campanhas de redução de consumo são apontadas como suficientes garantir o funcionamento nos próximos meses e ter uma situação mais confortável em 2022.
Por outro lado, especialistas apontam que a demora na resposta do governo à crise hídrica e medidas brandas podem não ser suficientes para afastar o risco de apagão.
Fonte: O Globo.